O principal objetivo do ensino superior é cultivar conhecimentos especializados, assegurando que os indivíduos habilitados para a docência possuam uma base sólida e um conjunto de competências para se destacarem nas suas áreas de eleição. No ensino superior, os programas de preparação de professores antes da entrada em serviço desempenham um papel crucial na promoção das crenças, práticas e compromisso profissional de jovens que se tornarão professores eficazes e confiantes.
Os licenciados/mestres bem preparados que entram para o corpo docente têm mais probabilidades de se sentirem competentes, de se sentirem realizados no seu trabalho e de permanecerem na profissão docente.
No entanto, apesar deste imperativo, muitos dos que concluem a habilitação para a docência não possuem este nível essencial de competência. Nos últimos três anos, eu (Mary Burns) realizei entrevistas com professores sobre a sua formação inicial, inicialmente como membro do Relatório de Monitorização Global da Educação 20231 e agora como docente convidada numa instituição de formação de professores.
Estas entrevistas, que envolveram 80 professores de 19 países, revelam um padrão preocupante: muitos professores expressam uma insatisfação quase uniforme com a sua preparação antes da entrada no mercado de trabalho, considerando-a excessivamente teórica e inadequada para as exigências práticas do ensino.
Estes desafios são comuns aos sistemas de formação em todo o mundo. Este artigo, escrito em coautoria por duas docentes de cursos de habilitação para a docência (Ana Pinheiro e Ana Poças), descreve os problemas endémicos da formação inicial de professores e salienta a urgência de corrigir estas deficiências para enfrentar eficazmente a crise mundial do ensino.